quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O fim da continuidade

3 anos e 11 meses depois de assumir o cargo de selecionador da equipa das quinas, Paulo Bento deixou o cargo. A meia final alcançada no Euro 2012 fica registada como o momento mais alto de uma estadia que, a partir de certa altura, se tornou insustentável.

Esta saída apenas peca por tardia. Anteriormente no Pés e Cabeça, já havia sido comentada a péssima abordagem da Federação relativa ao assunto. Os problemas da Seleção no Mundial também, aquiaqui e aqui.

O jogo com a Albânia apenas veio confirmar os maus indícios deixados no Brasil. Ofensivamente, a Seleção foi do pior possível a este nível. Contra uma equipa que apesar da grande densidade de jogadores presentes em zonas defensivas muitos erros defensivos cometeu, Portugal nunca conseguiu descobrir o melhor caminho para a baliza contrária. Ao invés, foi lateralizando e despejando bolas na área adversária. Tadeia dizia que era esse o caminho e que era necessário investir ainda mais nos cruzamentos. Não Tadeia, o problema não ser preciso ainda mais cruzamentos. Era CRIAR. Não houve preocupação (tirando um ou outro jogador à margem das ideias da equipa) em criar boas oportunidades, superioridade numérica para atacar zonas importantes. Atrair defesas para abrir espaços. Variar o portador com jogo de apoios para acabar em movimentações de rutura verticais ou diagonais. Nada. Os últimos minutos então foram desesperantes. Se até ali não tinha havido um pingo de cabeça para furar o bloco albanês, com 4 ou 5 jogadores colados à linha defensiva contrária ainda mais difícil se tornou a situação e foram 0 as boas ocasiões de golo. Antes de procurar finalizar há que procurar abrir espaços para, aí sim, atacar em boas condições. Por vezes parece que é esquecido que a fase de concretização é antecedida por inúmeras outras de igual importância (senão maior) pois sem boas oportunidades os golos mais dificilmente surgem. Os processos da seleção eram pobres e a saída de Paulo Bento tornou-se um caminho inevitável face (não só) aos resultados mas à falta de ideias de qualidade.

Surge agora uma luz ao fundo do túnel. Pessoalmente, Vítor Pereira seria a minha escolha. Duvido é que aceite um cargo destes na altura da carreira em que se encontra. Fernando Santos tem sido veiculado como o mais provável sucessor. Neste assunto, uma opinião bem fundamentada aqui.

Veremos quem será o escolhido. O grupo pode não ser tão forte como há uns anos atrás mas pode, sem qualquer sombra de dúvidas, apresentar um futebol muito melhor. Caberá ao próximo selecionador aproveitar o talento à sua disposição, aproveitar processos dos clubes onde estes se encontram e desvalorizar estatutos. Venha daí uma lufada de ar fresca que esta seleção bem o precisa.