quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Talisca e as decisões com bola


Talisca nunca foi, nem nunca será, um prodígio com bola. Não pela vertente técnica mas pela pobre perceção do jogo, continuamente exposta jogo após jogo, nas opções que toma. O lance em análise é um de muitos que poderiam ter sido escolhidos, foi-o pela clamorosa situação de potencial 1x0 que Talisca não viu:


Com mais ou menos golos, com mais ou menos passes vistosos, Talisca poderá continuar a mascarar as suas debilidades perante quem olha para o jogo de forma superficial. Esperemos que, aos poucos, o paradigma vá mudando e que a valorização se foque no importante e não na fotografia.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Van Gaal e a comunicação no jogo

«Não sou sir Alex Ferguson, como sabem. Cada um é diferente e eu não grito para dentro do campo, não acredito nisso. Acredito em comunicação durante a semana, nos treinos, e acredito nos meus jogadores, que têm de cumprir», referiu o treinador do Manchester United em conferência de imprensa.

Interessante a afirmação do holandês, não pela demarcação que tenta fazer de Ferguson mas pela justificação da postura, contrária à ideologia comum, do treinador que berra e gesticula constantemente para dentro do campo. Não é caso raro ler na comunicação social e ver adeptos criticarem treinadores que não sigam esse caminho. Ou é porque está perdido, porque não sabe o que fazer... porque não tem "paixão". Porque paixão é ser intenso no banco, viver o jogo ao estilo entretainer e gritar constante e desalmadamente... claro que sim.

A percepção do comum adepto deixa muitas vezes a desejar. Porque é complicado colocar-se no papel de quem criticam. Porque as criticas se focam em comportamentos que não são considerados normais, daí serem maus. Porque, pela falta de conhecimento, valorizam mais o acessório que o fulcral. E porque, no fundo, gostam é de emoção, enquanto o futebol fica para segundo plano.

Por aqui, assim como para Van Gaal, coloca-se a exigência e a responsabilidade acima de atos de circo. Quem já teve a oportunidade de estar dentro de um campo de futebol facilmente admite a dificuldade que existe, em pleno jogo, do treinador fazer chegar informação aos jogadores, seja pela distância, pelo foco dos mesmo no jogo, seja pelo ruído exterior. Mas isso é só parte. O fundamental prende-se não só com a responsabilidade e exigência, mas também com a liberdade. A liberdade dos jogadores pegarem naquilo que foi treinado e aplicarem em jogo, consoante a situação com que se deparam. De alterarem o guião traçado para que este se adapte ao contexto. Mas também para passar a imagem que a intenção de proatividade deve advir deles e não só do treinador. Para isso, só dizê-lo não chega, é preciso que os nossos atos sejam coerentes com as ideias que são transmitidas, mesmo que isso implique ceder o controlo para as mãos de quem lideramos. Se o grande objetivo é formar jogadores responsáveis e conscientes que, a dado momento, possam ter a disposição e coragem de seguirem as suas próprias ideias quando o jogo assim o pede, então essa é a postura ideal.

E claro, liberdade para errarem. Ninguém mais sente tão intensamente os falhanços e insucessos que o próprio jogador e não vai ser uma chuva de críticas, venham elas do banco ou da bancada, a mudarem isso. A critica fácil só serve para alimentar o ego de quem a faz e como tal deve ser descartada, porque se não é fundamentada não vale de nada. Quanto menos Sá Pintos encontremos no futebol, melhor estará o jogo.