quarta-feira, 13 de abril de 2016

O meu modelo de jogo é melhor que o teu?

“Vibram os arautos do andamento
com o aumento da correria
p’ra eles aí reside o talento,
o jogo esse virou porcaria!

Jogadores de futebol
de atletas travestidos,
dando à correria lugar-ao-sol
o futebol fodem e são fodidos!”


(Frade, 2014)


Há inúmeras formas de chegar ao sucesso, na mesma medida em que o sucesso pode ter inúmeras formas.

Linha defensiva em controlo da largura e da profundidade. A entender os espaços que tem de fechar, e as trocas posicionais. Linha de fora-de-jogo definida pelo homem da cobertura. Em caso de desequilíbrio, homens mais próximos a fechar corredor central e a obrigar adversário a jogar por fora. Linhas próximas, mais atrás ou mais à frente, mas sempre próximas. Zonas de pressão definidas, condicionar o portador da bola e ser sempre agressivo quando adversário recebe de costas ou bola pelo ar. Baixar para trás da linha da bola na transição defensiva. Com bola? Jogar, sempre. Primeira fase com 2 ou 3 opções, com objectivo de entregar a bola limpa aos colegas. Com paciência, se necessário rodar o jogo até haver espaço para entregar e receber. Jogar entre-linhas e de cara. O passe vertical, que queima linhas. Se o adversário basculou e está fechado, voltar à 1ª fase de construção ou usar apoio mais recuado para circular. Extremos dentro, arrastam marcações e lateral aparece; se a marcação não vier, recebe e joga dentro. Jogar dentro do bloco adversário. Sair da pressão em segurança. Variar o centro de jogo. Avançado em apoio frontal, quando tem liberdade para definir extremos fazem diagonais interiores. Entender quando adversário está subido: ataque rápido + profundidade. Busca pelo desequilíbrio em todas as zonas do campo: 2x1, 3x2, 4x3, acelerar. Criatividade. Zonas de finalização definidas, com médios a encurtar para linha de passa atrasada ou segundas bolas. Assimilar os comportamentos em treino para os poderes fazer na competição, seja com que adversário for.

O jogo valoriza jogadores, e os jogadores valorizam o jogo. E o treino.


sexta-feira, 8 de abril de 2016

Um Maradona em cada um

Tens meia-hora para Maradona?



Porque a melhor maneira de "quebrar" um adversário ainda é, e sempre será, fazeres o que ele não está à espera. Se tens habilidade, a melhor rentabilidade para a equipa será utiliza-la, mesmo que implique ceder noutros aspetos. Quantas linhas de passe Maradona desperdiçava? E quantas opções, nessa forma, condicionava a atitude da equipa contrária? Vai para a esquerda, direita, vai temporizar ou passar? Era impossível prever. Quebrando linhas, chamando adversários e deixando-os sem saber o que fazer para o parar. Os melhores são assim, imprevisíveis. Poder contar com eles é um privilégio e importa continuar a fomentar e fazer crescer jogadores deste perfil. Sem medo de arriscar, com talento e paixão por fazerem o que os deixa (e que nos deixa) felizes. E só com liberdade o conseguiram fazer.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Dinâmicas de equipa vs Dinâmicas de jogadores


Decorria o jogo Boavista-Benfica, quando no sítio onde me encontrava, um senhor teve um comentário interessante. "O Benfica hoje não está com a dinâmica habitual!". Isto fez-me lembrar de uma citação de Carlos Carvalhal que li recentemente e que vai um pouco de encontro ao comentário deste senhor. Dizia Carvalhal que as dinâmicas da equipa estão dependentes do perfil dinâmico dos jogadores nas suas posições. Que por exemplo, se uma equipa tiver um lateral direito ofensivo e num certo jogo tiver que jogar um lateral direito mais defensivo, as dinâmicas da equipa vão mudar. Logo podem imaginar o que acontece quando se mudam 4 ou 5 jogadores titulares, que no fundo foi o que aconteceu no jogo do Benfica.

Mas não desviando do tema principal, abrem-se algumas dúvidas na minha cabeça relativamente a este tema. É inegável que o perfil dinâmico de cada jogador é essencial para a forma como a equipa se apresenta em campo. Mas as dinâmicas "originais" da equipa, introduzidas e fomentadas desde a pré-época, mudam apenas por isso? Ou serão antes simplesmente interpretadas de outra forma? Num passado recente vimos, por exemplo, Busquets ou Mascherano a jogar a 6 no Barcelona. O perfil de cada jogador acabava por influenciar as dinâmicas de jogo da equipa, mas ao ponto de as alterar? Ou seriam as dinâmicas as mesmas mas apenas não tão bem interpretadas devido ao diferente perfil dinâmico que se encontrava naquela posição? A minha dúvida insere-se exatamente aqui.

Tenho algumas reticências em acreditar na alteração de dinâmicas coletivas simplesmente pelo uso de jogadores com diferentes perfis em certas posições. As equipas dificilmente conseguem ter 22 jogadores homogeneamente distribuidos por posição, no entanto é óbvio que o procuram. Se o Barcelona deixasse sair Busquets, dificilmente iria à procura de um "destruidor de jogo" para aquela posição. As dinâmicas de equipa são treinadas semana após semana e a tendência será sempre para melhorá-las usando os diferentes perfis dinâmicos dentro de um plantel. Nisso não tenho dificuldade em concordar, em adaptar as dinâmicas às características dos jogadores que temos à disposição. Mais difícil é acreditar que numa semana em que o treinador não tenha jogador X, que as dinâmicas coletivas para esse jogo irão mudar simplesmente porque jogador Y tem um perfil de jogo diferente.